quinta-feira, 5 de maio de 2011

Moradores cobram Kassab por promessa de creche

A luta de mais de 30 anos dos moradores do Jardim Nossa Senhora do Carmo, em Itaquera, pela construção de creche num terreno municipal ganhou mais um capítulo. Na tarde do último sábado, dia 30 de abril, cerca de 150 pessoas participaram de ato público diante do terreno, na Rua Floriano de Toledo. Em frente da área reservada pela própria comunidade para a creche, moradores cobraram da Prefeitura a antiga promessa. A área com cerca de 2 mil m², que tem na parte elevada face voltada para a Avenida Afonso Sampaio de Souza, próxima do Parque do Carmo, serve como depósito de despejo irregular de entulhos.
De acordo com a líder comunitária Dona Maria Pereira Holanda, de 82 anos, a última reunião ocorreu há pouco mais de dois anos, quando o secretário Municipal de Educação [Alexandre Schneider] se comprometeu com a causa, mas até hoje não temos retorno. “Enquanto estiver viva, vou lutar, não vou desistir”, disse. “Essa luta não é para mim, mas para nossos netos e bisnetos. A creche é uma grande necessidade às famílias. Ela vai dar segurança para as mães irem ao trabalho”. Integrante da Pastoral da Criança da Paróquia Nossa Senhora da Paz, Dona Maria é uma das principais lideranças pelas melhorias no bairro.
Convidados para participar do ato, o deputado Estadual Adriano Diogo e a vereadora Juliana Cardoso não pouparam críticas a administração Kassab. “O governo da presidenta Dilma reservou grande volume de recursos para a construção de creches em todo Brasil, mas as prefeituras devem entrar com as áreas. E temos aqui um terreno maravilhoso que se pode construir uma creche e uma EMEI”, disse. “Vamos intensificar a luta. Pintar esse muro com a frase ‘Kassab: Cadê a nossa Creche?’”, sugeriu.
A vereadora Juliana Cardoso relembra a sua participação na luta. “Há dois anos e quatro meses foi minha primeira atividade de agenda como vereadora a reunião com o secretário”, revelou. “Temos 1.550 crianças fora das creches nesse distrito e o prefeito está esperando o que para atender. Uma creche e uma EMEI podem atender de imediato 240 alunos. A creche é um direito educacional das crianças e a Prefeitura não está cumprindo com seu dever”.
Outras mulheres que moram no bairro, muitas das quais com crianças no colo, fizeram uso da palavra. “Existe uma grande demanda por creche no nosso bairro e os governantes deveriam olhar essa questão com mais atenção”, afirmou a ex-coordenadora da Creche do Aricanduva, Holien Ferreira. “Há muitos anos lutamos e conseguimos asfalto, orelhão, linhas de ônibus, posto de saúde e outras benfeitorias, mas a creche ficou para trás. Temos a área e ela corre risco de invasão”, protestou Maria Ignes S. de Faria, com a neta no colo.
“No começo do ano fui até a creche que fica lá na parte alta do bairro e pediram para esperar por vaga. Voltei há pouco tempo e agora a informação é que existe uma fila de 180 crianças. Quer dizer, vou ter de esperar a desistência para meu filho ser atendido. Perdi ofertas de emprego. Na família, só meu marido trabalha”, relatou Patrícia França.
“Uma questão importante é que mesmo quem tem filhos nas creches da região, as mães sofrem com problemas de segurança. Corremos riscos de atropelamento e acidentes ao caminhar a pé com nossas crianças menores.”, comentou Vanessa Santos Martinez. Ela tem três filhos. Dois estão na creche do Aricanduva, distante mais de 2 km de sua casa, e um espera por vaga.
“Mesmo quando conseguem vagas nas creches dos outrso bairros, muitas mães não têm recursos para pagar R$ 130 por mês para a perua de transporte. Por isso, ao receber o convite vim dar meu apoio. Vou colocar meu tijolinho nessa creche. Precisamos todos nos unir. Uma andorinha não faz verão”, argumentou Francisco Macedo.
Palavras endossadas por Edvaldo Stanislau de Carvalho. “Estamos cercando a área por conta própria para evitar despejo de entulhos e evitar invasões. Esse local sempre teve na mira a creche”, disse.
Ao final do ato e após manifestações de religiosos da igreja católica e da igreja evangélica com mensagens de apoio, os participantes formaram um círculo no centro do terreno manifestaram a vontade coletiva de conquistara creche.